Seja bem vindo(a). O objetivo deste site blog é compartilhar experiências reais de quem já perdeu muito dinheiro em Bolsa de Valores. Se você já perdeu dinheiro e queira compartilhar sua experiência de forma anônima ou não, fique a vontade. Muitos pais de família, jovens com futuro e sonhos, perdem dinheiro, sem saber que estão numa armadilha, perdem patrimônio de anos de trabalho árduo, sem saber, estão viciados no mercado financeiro.
Entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2020, a Bolsa brasileira ganhou 1,1 milhão de novos investidores pessoa física e mais que dobrou de tamanho, somando 1,9 milhão de pessoas.
Em termos relativos, o grupo que mais cresceu dentro da Bolsa foi o de jovens. O total de investidores com idade entre 16 e 25 anos aumentou quase cinco vezes nesse período, de 37,7 mil para 179,9 mil.
Na faixa etária entre 26 e 35 anos, o salto foi de 226,9%, de 286 mil para 609,9 mil pessoas. A conjuntura da economia brasileira nos últimos anos estimulou esse movimento...
A queda nos juros, de um lado, diminuiu o retorno das modalidades de renda fixa, menos arriscadas. O ciclo de alta da Bolsa, por sua vez - o que o jargão do mercado financeiro chama de 'bull market' -, chamou atenção para as promessas de maior retorno da renda variável. Foi esse cenário que motivou a estudante de administração Mirela*, de 20 anos, a tirar tudo o que tinha na poupança e comprar ações. Ela, o irmão e o pai, dono de uma loja de roupa infantil em Arujá (SP), entraram na Bolsa ao mesmo tempo, em setembro. "O cenário estava muito bom e a gente sentia necessidade de guardar dinheiro para o futuro", diz ela.
Grande parte dos investidores mais jovens nunca viveu uma grande crise financeira. A premissa de que quanto maior retorno, maior o risco, era apenas teórica para muitos deles até a quarta-feira de cinzas, 26 de fevereiro, quando a Bolsa caiu 7%. "Dói ver o dinheiro derreter", diz Marcelo*, de 22 anos.
Estagiário em um banco, ele começou a investir em renda variável em 2019. Como a família "não tem a cultura de poupar", contava com a ajuda dos amigos e com o material que lia e pesquisava sobre o mercado financeiro para aplicar.
Apesar de se considerar um investidor de perfil conservador, quando ele viu a Bolsa acelerar em abril do ano passado resolveu colocar parte das economias em fundos de ações, imobiliários e ETFs (sigla para 'exchange-traded fund', fundos que acompanham índices - de ações ou de títulos, por exemplo).
Nas últimas semanas, quando o Ibovespa acumula queda de mais de 40%, ele tem evitado olhar o aplicativo da corretora. "Parei quando perdi o equivalente a um salário em um dia", conta.
Assim como a maior parte dos investidores com quem a BBC News Brasil conversou nos últimos dias - com idades entre 20 e 70 anos -, ele tem convicção de que o investimento em renda variável é de longo prazo e que em algum momento haverá uma retomada, ainda que ela leve muito tempo.
O problema, no caso do estudante, foi que uma questão relacionada à sua saúde o obrigou a resgatar parte do dinheiro, o que ele tem feito aos poucos, desde o início de março - materializando as perdas que a Bolsa registrou nessa crise.
Fernando*, de 24 anos, que se define como investidor de "perfil mais arrojado", tem cerca de 70% do patrimônio aplicado em renda variável. Chegou a vender o carro - que ele, assim como muitos jovens, enxerga mais como custo supérfluo do que como solução para o transporte - e decidiu alocar mais capital na Bolsa durante o ciclo de alta.
Nos últimos dias, ele também tem deixado o aplicativo da corretora de lado - "a dor é grande" - e estima que o prejuízo esteja na faixa dos 40%. Ele se diz confiante, entretanto, que em algum momento o mercado estabilize e eventualmente inicie uma recuperação, assim como aconteceu em todas as outras crises.
As perdas das últimas semanas, entretanto, não têm precedentes. Nesta quarta-feira, o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou em queda de 10,35%, chegando a 66 mil pontos, com o sexto 'circuit breaker' em um mês, entre os dias 9 e 18 de março.
Durante a crise de 2008, a Bolsa também acionou o mecanismo seis vezes, mas em um intervalo maior, entre 29 de setembro e 22 de outubro. O economista Marcos*, também de 24 anos, diz que, apesar da idade, tem sido aquele a quem os familiares que entraram na Bolsa durante o "ciclo de otimismo" têm recorrido para tentar se tranquilizar enquanto os índices derretem.
"Eles estão confusos, porque tem muita gente dizendo que agora é hora de comprar, porque está tudo muito barato. Eu digo pra terem cautela, porque os preços podem cair mais.".
Nas últimas semanas, o jovem, que trabalha em um banco, perdeu o equivalente a R$ 20 mil com suas aplicações em renda variável, que somavam, por sua vez, 65% de tudo o que havia economizado...
Ele admite que tem estado "meio aflito" diante das notícias - da disseminação da doença e da crescente possibilidade de recessão global -, mas não mexeu no dinheiro porque o considera um investimento de longo prazo, que vai se recompor quando a economia voltar aos trilhos, ainda que esse momento demore mais a chegar do que se havia imaginado no início do surto.
Essa é também a avaliação de um investidor de 70 anos com quem a reportagem conversou e que começou a colocar dinheiro na Bolsa em 1967 e que passou por "todas as crises que você possa imaginar".
Para ele, que calcula ter perdido "algo entre 35% e 40%" desde o início da crise, esse ciclo de queda vai eventualmente ser superado, assim como os outros, mas "aquele que for apavorado, inexperiente ou que estiver precisando do dinheiro (aplicado) vai sofrer".
"Se o investidor tiver calma, em algum momento vai começar a voltar", aconselha a professora Andrea Minardi, do Centro de Finanças do Insper.
O vício na bolsa, mais especificamente no day trade, que é o que realmente vicia, tem dois componentes: o vício, propriamente dito, a compulsão, e aí cada um tem que resolver de uma forma sincera e profunda; e outro, muito menos falado e muitas vezes exaltado, que é a crença de que se pode viver de trades. Se vcs procurarem no google, pouco se fala disso, obviamente pq há muito interesse em vender cursos e setups. Mas quem já operou uma vez apenas no mini indice, se for honesto, pode perceber que a volatilidade é tão grande, que por mais centrados, disciplinados e inteligentes que formos, não há como conseguir acompanhar isso. Se fosse fácil, um robô resolveria o problema. Mas não há registros de robôs que tenham tido resultados melhores do que qualquer um que opere na bolsa, pq o mercado simplesmente vai prá onde quiser, e com muita velocidade. É mil vezes mais fácil operar ações e segurar por uns dias que seja, pq isso nosso cérebro e nosso emocional consegue acompanhar. E ações são ativos, se elas caírem um dia voltam e você está com um patrimônio. No day trade vc não tem nada. Se vc comprar e cair, vc precisa encerrar a operação no final do dia e não pode esperar uma semana prá voltar. E vc está operando com um dinheiro que você não tem. Só existe uma forma de ganhar dinheiro no day trade e eu tenho essa fórmula mágica. No meu caso, essa fórmula fez eu ganhar em torno de R$ 5.000,00 por mês. A fórmula é: não opere day trade e vc vai economizar em torno de R$ 5.000,00 por mês. Pegue essa grana e compre ações e com o tempo você ficará rico.
Pensando em largar sua profissão e tentar ganhar a vida negociando ações usando a conta de uma corretora que não cobra comissão? Boa sorte.
Pesquisadores brasileiros estudaram indivíduos que faziam transações de curto prazo com contratos do Ibovespa e concluíram que, entre 1.551 investidores pessoa física, apenas 1,1% tiveram retorno líquido médio superior ao salário mínimo em pouco mais de um ano.
Cerca de 0,5% desses traders, que foram acompanhados durante 300 pregões, obtiveram ganho superior ao salário típico de um atendente de caixa de agência bancária.
O estudo, que está em linha com outras descobertas sobre essa inadequação, foca na negociação de contratos futuros por pessoas físicas no Brasil, em oposição ao hábito de seleção cuidadosa de ações específicas que prevalece nos EUA. Porém, os autores acreditam que a conclusão pode ser aplicada amplamente.
Escrito por Fernando Chague e Bruno Giovannetti, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), e Rodrigo De-Losso, da Universidade de São Paulo (USP), o estudo afirma que “é virtualmente impossível para pessoas físicas ganharem a vida como day traders”.
A prática de investir por conta própria disparou durante a pandemia do coronavírus e é fato que muitos traders iniciantes se deram notavelmente bem — até agora. Uma carteira do Goldman Sachs Group formada por ações bastante populares entre pessoas físicas subiu 78% desde as mínimas atingidas em 23 de março, superando o salto de 51% do S&P 500.
Embora esses ganhos tenham sido fáceis durante um dos períodos de mais rápida recuperação do mercado acionário, Chague alerta que o estudo, que acompanhou traders ativos entre 2013 e 2017, apresenta motivos para ceticismo.
“Você pode dar sorte e ter um bom desempenho em alguns dias, mas com o tempo fica cada vez mais difícil”, disse ele. “A maioria deles perdeu dinheiro.”
Os day traders são uma força crescente nos mercados de ações desde que a pandemia do coronavírus deixou milhões de pessoas em casa sem nada para fazer. O ritmo de abertura de contas em corretoras voltadas para o investidor de varejo bateu recorde e aplicativos de negociação que não cobram taxa, como Robinhood, tornaram o mercado mais acessível do que nunca.
Ainda que o investidor individual não tenha tanto peso quanto o investidor institucional, sua presença está mais chamativa. Os investidores de varejo formam agora o segundo maior grupo atuante no mercado acionário dos EUA, responsáveis por 19,5% dos negócios com ações, de acordo com dados da Bloomberg Intelligence.
Os formadores de mercado e operadores de alta frequência ainda respondem pela maior parte dos negócios, de 43,5%, mas o segmento de varejo tem presença maior do que investidores quantitativos, fundos de hedge, entidades tradicionais que só tomam posições compradas e traders afiliados a bancos.
Gestores de recursos tradicionais observam a renascença dos traders pessoa física com cautela. Ações de gigantes de tecnologia, bastante populares entre esses investidores, impulsionaram as carteiras desse público nos últimos meses.
No entanto, durante um período mais longo, mesmo os que selecionam ações profissionalmente dão sorte se acertarem mais de 60% de suas decisões, segundo a Gradient Investments.
“Fico um pouco nervoso vendo esse dinheiro do varejo ou pessoas que estão comprando ações e de repente ganhando 20%, 30%, 40% em questão de dias e semanas e pensando que é assim tão fácil”, disse Keith Gangl, gerente de carteiras da Gradient. “O que acaba acontecendo é que cada vez mais gente tenta isso e, de repente, tem gente demais tentando, não consegue e acaba perdendo muito dinheiro.”
Segundo estudo, dos mais de 98 mil day-traders apenas 76 tiveram média de lucro acima de R$ 300 por dia.
por Alexandre Antunes
08 set, 2020 12:58
O famoso estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o fracasso dos day traders brasileiros foi atualizado com novos dados de investidores que operaram com ações entre 2013 e 2018. Os resultados pioraram: mais de 99% dos day traders no Brasil têm prejuízo.
Na nova versão, os professores da Escola de Economia de São Paulo da FGV, Fernando Chague e Bruno Giovannetti, ampliaram o tamanho da amostra: de um total de 98.378 indivíduos, 97.824 pessoas desistiram de atuar como day traders antes, ou seja, 99,43%.
No artigo original publicado em março de 2019, chamado “É possível viver de Day Trading?”, os números dos ‘vitoriosos’ na negociação de ações era maior: de 91%. O número de pessoas pesquisadas, porém, era menor: 19.696 pessoas entre 2013 e 2015.
A atualização do estudo foi divulgada no Twitter por Chague, o qual afirmou no post que decidiu acrescentar ao estudo investidores que operavam como day trader também entre os anos de 2016 e 2018, os quais não constavam na versão anterior do artigo.
Chague escreveu o resumo do resultado da sua pesquisa quantitativa, que não é nada animadora aqueles que pretendem ingressar nesse mercado de risco:
“De um total de 98.378 indivíduos, apenas 554 persistiram por mais de 300 pregões”.
Day traders em prejuízo
Essa desistência tem um motivo específico: prejuízo. De acordo com o estudo, desses 554 day-traders que persistiram apenas 76 tiveram média de lucro acima de R$ 300 por dia.
“A média do ‘lucro bruto diário médio’ entre os 554 indivíduos é 49 reais negativos e a mediana 62 reais negativos. Além disso, apenas 127 indivíduos apresentaram ‘lucro bruto diário médio’ acima de 100 reais. Acima de 300 reais diários, temos apenas 76 indivíduos”.
O estudo, entretanto, explica que para chegar a esse resultado sobre a performance dos 554 day-traders foi calculado primeiramente o “lucro bruto diário” de um indivíduo.
Com isso, os autores apontaram que foi descontado 0,025% do volume total das operações de day-trade, “a título de custos de emolumentos e taxa de liquidação”.
Os economistas também descontaram R$ 50 fixos por dia a título de custos como possíveis gastos com corretagem, plataformas de trading, cursos, livros, computadores e internet. A única coisa que entrou nesse cálculo de descontos foram os possíveis gastos com imposto de renda.
Traders na resistência
Mesmo considerando as 127 pessoas que conseguiram alguma coisa como day-trader, esse número representa um percentual muito baixo se for considerado os mais de 98 mil que se aventuraram. Os sobreviventes do mercado que ganharam alguma coisa não chegam a 0,15%.
Segundo o estudo, desses 127 day-traders que sobreviveram as intempéries do mercado, o menor lucro diário médio foi de R$ 103, com o desvio-padrão de R$ 747 num excelente dia de negociações.
Dentre as pessoas do seleto grupo dos 76 day-traders, alguns tiveram a média diária de R$ 370 em ganhos, sendo que o maior ganho dessa pessoa num só dia foi de R$ 2.286. Já a exceção a regra foi daqueles que obtiveram média diária de lucro de R$ 4.032. Nesse caso, o desvio-padrão “do lucro bruto diário desse indivíduo foi de R$ 33.888”.
Segundo os economistas, “mesmo considerando apenas os 127 indivíduos ‘ganhadores’, vemos uma média de ganho baixa frente ao risco”.
Experiência inútil
O fato é que pela conclusão do estudo a coisa não parece ter mudado muito se comparado com a versão anterior do artigo.
Antes dessa atualização o estudo mostrava que “19.696 pessoas começaram a fazer day-trade em mini índice entre 2013 e 2015; dessas, 18.138 (92,1%) desistiram”.
Assim como a antiga versão do artigo, o estudo reforça mais uma vez que o tempo de atuação como day trader não traz aprendizado eficaz para o sucesso do operador.
“É possível que haja um período de aprendizado que deva ser descontado ao calcularmos essas estatísticas. No entanto, tal cuidado não altera a conclusão; ou seja, não parece haver aprendizado.”
Em entrevista ao Portal do Bitcoin em fevereiro, o economista e co-autor do estudo Bruno Giovannetti afirmou que a vida de day-trader é como uma roleta de cassino e alertou: “Não adianta repetir. A gente viu que o tempo vai passando e ele (o trader) não vai melhorando”.